quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Dança das Nuvens

Ali da janela da sala dá pra ver bem o céu. Que lindo que ele é... Eu posso dizer que eu amo o céu, sem sombra de dúvida. Amo ele por completo, cada pedacinho. Gosto do céu aberto, todo azulado e infinito e gosto muito também do céu nublado de atmosfera intimista e cinza. Acho engraçado pensar que é o céu aberto que deixa o sol aparecer de verdade e assim produzir nossas sombras, eternas acompanhantes, parceiras de corpo e alma. Já o céu cinza amortece a luz do sol como se fosse uma gigantesca cortina de vapor e dependendo do peso de suas nuvens faz, inclusive, chover!! E a chuva também é uma das maiores belezas. É muito importante que seja possível encostar na chuva e se molhar dela. Escutar seu barulho quando cai também é de uma uma extrema importância, ainda mais quando lembramos que existem casais, bichos e pessoas enamoradas, desfrutando desse som de chuva, plimplimplim, dentro de seus aconchegos, enquanto trocam beijinhos de carinho. Aí fica assim: Som de chuva e som de beijo ao mesmo tempo. Estalos de gotas e bocas. Aiaiaiai, que delícia!!! Viva a chuva que vem das nuvens que vem do céu. Céu cenário, palco aberto que incita a dança das nuvens a rolar no ar. Céu que assume as formas infindáveis de cada nuvem que se faz e se desfaz, deixando bem claro que as coisas da vida, todas elas, são como algodão doce na mão de criança doce.

Miau

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Os Apaixonados

Pessoas apaixonadas são outra coisa. Descobri que uma pessoa, quando está apaixonada, passa a ser outra pessoa. Só que essa outra pessoa está, na verdade, dentro da mesma pessoa que não estava apaixonada. Complicado, né? Não sei nem se estou entendendo o que eu mesmo estou pensando. Vou tentar explicar melhor: Botika viajou no último fim de semana para um lugar chamado Mangaratiba (adorei esse nome. Dentro dele tem até manga, fruta amarela doce de doer!!). Foi pra lá com uma moça chamada Jade (adorei esse nome. É inteiro uma pedra preciosa, linda de se ver!!), que já estivera aqui em casa umas poucas vezes. Uma gata. Gente gata, sabe como é? Muito charmosa. Pois é. Botika andava muito sorridente ultimamente. Voltou de Mangaratiba mais sorridente ainda. Aí entendi tudo. Deitei em seu colo e ele me contou. Disse que estava derretendo. Derretendo???!! Como assim?? Que nem cera de vela acesa, que vai esquentando e amolecendo? Botika falou: "Exatamente!!! Que nem cera de vela acesa. Porém é cera de coração, pois é ele quem está esquentando e amolecendo. Aí quando fica bem molinho derrete, vai acumulando moleza quente em cima de moleza quente, virando um grande coração estufado, macio, aquecido e molengão". Ele me disse isso. Engraçado, né? Nunca tinha ouvido alguém falar uma frase tão engraçada e esquisita assim. Achei foi muita graça esse negócio de "coração molengão". Foi aí que percebi que gente apaixonada muda, mesmo que esteja ali, naquele mesmo corpo. Elas ficam assim, vagalumosas, azougues, saltitantes, cantantes, exuberantes, embevecidas e cheias de rebolado. É muito curioso.

Eu sempre me perguntei sobre o que significa esse sentimento que se dá o nome de paixão. Achava que era algo literal. Pai-chão, como se alguém com paixão fosse alguém que estivesse muito centrado e lúcido, com pai e com chão. Alguém com pé no chão. Só que na verdade é exatamente o contrário. Quem tem paixão é quem não tem chão. Pode até ter pai, mas chão não tem não. E se existe algum chão, os pés com certeza não estão encostados nele. Os pés dos apaixonados sempre estão batendo asas que nem passarinho. São pés que flutuam no ar, sem peso algum. Parece até que tem um tapete mágico invisível debaixo desses pés, que vai voando por aí, dando cambalhotas no ar e subindo bem alto, lá longe, onde os apaixonados encontram as nuvens e se deitam nelas, no meio do céu, pra ver o mundo aqui embaixo como se fosse um filme, com um grande sorriso colado no rosto, pipoca e refrigerante.

Será que um dia vou sentir isso? Felinos também são sensíveis, e como!!!

Miau