sábado, 17 de julho de 2010

Pulgas

Estou infestada de pulgas. Sinto elas passeando na superfície de meu couro peludo nevado. São muitas. E elas não param de procriar e se multiplicar e me fazer coçar e coçar e coçar... Sinto muito elas chupando meu sangue, com suas boquinhas miniaturas. Ou seriam biquinhos? Não sei. Realmente não sei. Ainda sou uma gata novata, pra falar a verdade.

O pessoal aqui de casa, os três, me faziam muito carinho sempre. Agora eles continuam me fazendo muito carinho sempre, só que também adquiriram o hábito de catar pulgas em mim e assassinar as petititas serelepes (pois saltam de um lado pro outro). Tenho sido acordada no meio de profundos sonos já embalados no mergulho. Tô lá eu sonhando, flutuando no meu apagão, quando pontinhas de dedos humanos começam a me alfinetar, me beliscando como se fossem pinças de unha. Algumas vezes eles pegam uma pulga e esmagam ela. É um estrondo o barulho da explosão. Um "TEC" que reverbera na direção de minhas orelhas. Porém na maioria das vezes as pulgas, hiper danadas, conseguem fugir que nem ladrão de banco. Fogem assim e se escondem igualzinho piolho no cabelo das crianças humanas... As pulgas são mesmo sagazes!!!!!Profissionais do ramo...

Dizem que minhas pulgas migram do viralata da vizinha para meu corpo. Eu conheço ele. Sei quem é. Nós nunca conversamos direito e apenas eu o vi, pois ele é cego e não pode me ver. Ele também é bem veho e fedorento e sujo. Mas ele gosta de ser assim. Por mim tudo bem também. Acho completamente normal. E na verdade não acho que minhas pulgas vieram das pulgas dele. Tenho convicção de que minhas pulgas foi eu mesma quem criei. São as minhas pulgas!!!! E de mais ninguém.

Ninguém parou pra pensar que posso ser responsável pelas minhas pulgas, assim como algumas pessoas tem minhoca na cabeça...

MIAU

sábado, 21 de novembro de 2009

Preguiça, Férias e Verão





Bom dia boa noite todo mundo. Começo essa postagem com duas fotos minhas tiradas pelo pessoal aqui de casa enquanto em simulava uma situação de sono, preguiça, prostação, moleza, lezeira, morgação e incapacitações habituais de quem vive no Rio de Janeiro no verão. Simulei pois faço questão de deixar claro aqui, para todos, que não tenho escrito no blog por questões de sono,preguiça, prostação, moleza, lezeira, morgação e incapacitações. Essas duas fotos definem perfeitamente como tenho passado meu tempo, integralmente falando. Estou nesse momento fazendo um tremendo esforço para poder estar aqui, em frente ao computador, dando minhas devidas e nobres satisfações. Basicamente é isso que gostaria de dizer por hoje. Compreendam o fato deu estar devagar quase parando, se não já estacionada e com pneus furados, inclusive sem combustível. Inclusive vou parar de escrever agora e me retirar. Inclusive preciso tirar uma sonequinha, sabe como é? Espero escrever mais em breve e que as temperaturas mundiais nos ajudem.

MIAU

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Dança das Nuvens

Ali da janela da sala dá pra ver bem o céu. Que lindo que ele é... Eu posso dizer que eu amo o céu, sem sombra de dúvida. Amo ele por completo, cada pedacinho. Gosto do céu aberto, todo azulado e infinito e gosto muito também do céu nublado de atmosfera intimista e cinza. Acho engraçado pensar que é o céu aberto que deixa o sol aparecer de verdade e assim produzir nossas sombras, eternas acompanhantes, parceiras de corpo e alma. Já o céu cinza amortece a luz do sol como se fosse uma gigantesca cortina de vapor e dependendo do peso de suas nuvens faz, inclusive, chover!! E a chuva também é uma das maiores belezas. É muito importante que seja possível encostar na chuva e se molhar dela. Escutar seu barulho quando cai também é de uma uma extrema importância, ainda mais quando lembramos que existem casais, bichos e pessoas enamoradas, desfrutando desse som de chuva, plimplimplim, dentro de seus aconchegos, enquanto trocam beijinhos de carinho. Aí fica assim: Som de chuva e som de beijo ao mesmo tempo. Estalos de gotas e bocas. Aiaiaiai, que delícia!!! Viva a chuva que vem das nuvens que vem do céu. Céu cenário, palco aberto que incita a dança das nuvens a rolar no ar. Céu que assume as formas infindáveis de cada nuvem que se faz e se desfaz, deixando bem claro que as coisas da vida, todas elas, são como algodão doce na mão de criança doce.

Miau

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Os Apaixonados

Pessoas apaixonadas são outra coisa. Descobri que uma pessoa, quando está apaixonada, passa a ser outra pessoa. Só que essa outra pessoa está, na verdade, dentro da mesma pessoa que não estava apaixonada. Complicado, né? Não sei nem se estou entendendo o que eu mesmo estou pensando. Vou tentar explicar melhor: Botika viajou no último fim de semana para um lugar chamado Mangaratiba (adorei esse nome. Dentro dele tem até manga, fruta amarela doce de doer!!). Foi pra lá com uma moça chamada Jade (adorei esse nome. É inteiro uma pedra preciosa, linda de se ver!!), que já estivera aqui em casa umas poucas vezes. Uma gata. Gente gata, sabe como é? Muito charmosa. Pois é. Botika andava muito sorridente ultimamente. Voltou de Mangaratiba mais sorridente ainda. Aí entendi tudo. Deitei em seu colo e ele me contou. Disse que estava derretendo. Derretendo???!! Como assim?? Que nem cera de vela acesa, que vai esquentando e amolecendo? Botika falou: "Exatamente!!! Que nem cera de vela acesa. Porém é cera de coração, pois é ele quem está esquentando e amolecendo. Aí quando fica bem molinho derrete, vai acumulando moleza quente em cima de moleza quente, virando um grande coração estufado, macio, aquecido e molengão". Ele me disse isso. Engraçado, né? Nunca tinha ouvido alguém falar uma frase tão engraçada e esquisita assim. Achei foi muita graça esse negócio de "coração molengão". Foi aí que percebi que gente apaixonada muda, mesmo que esteja ali, naquele mesmo corpo. Elas ficam assim, vagalumosas, azougues, saltitantes, cantantes, exuberantes, embevecidas e cheias de rebolado. É muito curioso.

Eu sempre me perguntei sobre o que significa esse sentimento que se dá o nome de paixão. Achava que era algo literal. Pai-chão, como se alguém com paixão fosse alguém que estivesse muito centrado e lúcido, com pai e com chão. Alguém com pé no chão. Só que na verdade é exatamente o contrário. Quem tem paixão é quem não tem chão. Pode até ter pai, mas chão não tem não. E se existe algum chão, os pés com certeza não estão encostados nele. Os pés dos apaixonados sempre estão batendo asas que nem passarinho. São pés que flutuam no ar, sem peso algum. Parece até que tem um tapete mágico invisível debaixo desses pés, que vai voando por aí, dando cambalhotas no ar e subindo bem alto, lá longe, onde os apaixonados encontram as nuvens e se deitam nelas, no meio do céu, pra ver o mundo aqui embaixo como se fosse um filme, com um grande sorriso colado no rosto, pipoca e refrigerante.

Será que um dia vou sentir isso? Felinos também são sensíveis, e como!!!

Miau

domingo, 27 de setembro de 2009

Diferente

Noto desde sempre que seres humanos mudam muito. Aqui em casa, os três humanos presentes já demonstraram mudanças em todos os níveis. Os humores se alteram de forma radical e drástica. Uma coisa de louco. Acho que de vez enquando tem a ver com o tal do dinheiro e a falta dele, outras vezes algo que tem a ver com outras pessoas, ou ainda uma hulmide alteração cerebral solitária, talvez algo químico mesmo...

O Botika, por exemplo, mudou nos últimos dias. Está diferente. Está melhor, mais alegre e mais leve. Ele nunca fala muito de seus problemas, angústias e ansiedades. É desses que guardam tudo trancado lá dentro no escuro do próprio sótão. Porém quando acontece alguma coisa que o deixa feliz, realmente feliz, ele não consegue esconder. Abre a porta de casa com um sorriso carimbado no rosto, conversa com mais calma, reclama menos do mundo e fica cheio de graça, contando piada. Ele anda assim, despojado, todo engraçadinho. É bom de ver. Divertido. O que será que aconteceu? Ainda não descobri. Mas tem coisa aí... Quando eu descobrir, conto. Gatos são fofoqueiros por natureza.

Miau

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Saltimbancos

Pois é. Existe essa polêmica entre nós, gatos. Essa questão de rua ou casa, casa ou rua...... Eu, como já disse antes nos meus textos, nasci na rua e fui raptada por uma moça cheia de boas intenções que acabou me deixando nesse apartamento onde moro. Sinceramente, adoro morar aqui e não tenho vontade de sair pra rua novamente. Quando me levam lá embaixo, na portaria, não fico afim de sair... e volto. Tenho sim vontade de conhecer outros gatos e tenho certeza de que isso vai acontecer. Botika já disse que faz questão de armar encontros.

Essa postagem é toda escrita pra chegar nesse ponto. O ponto Mousse. Mousse é o nome de uma gata muito gata que vive com a família Bond. Sério mesmo!!!!! Bond igual ao espião do filme de aventura. A Tatiana Bond disse que a gata Mousse, que acompanha esse blog, mandou a letra dessa música pra mim. A letra levanta a polêmica falada acima. É muito boa letra na minha opinião. A música é de um musical infantil italiano. Não sei o nome do autor, mas sei que a versão brasileira foi feita pelo Chico Buarque, que dizem ser um artista muito talentoso...

Taqui:


"Miaaa...alimentaram
Miaaa...acariciaram
Miaaa...aliciaram
Miaaa...acostumaram

O meu mundo era o apartamento
Detefon, almofada e trato
Todo dia filé-mignon
Ou mesmo um bom filé...de gato
Me diziam, todo momento
Fique em casa, não tome vento
Mas é duro ficar na sua
Quando à luz da lua
Tantos gatos pela rua
Toda a noite vão cantando assim

Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás

De manhã eu voltei pra casa
Fui barrada na portaria
Sem filé e sem almofada
Por causa da cantoria
Mas agora o meu dia-a-dia
É no meio da gataria
Pela rua virando lata
Eu sou mais eu, mais gata
Numa louca serenata
Que de noite sai cantando assim

Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás"


Miau

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Gargalhadas Melhoram as Coisas Todas

Eu gosto mesmo é de ver o sorriso na cara dos outros. Nossa, como eu gosto... até de coisa que não tem vida, tipo bonecos e bonecas, pinturas e fotos, objetos feitos de massinha ou argila e também bocas felizes que se formam nas nuvenzonas do céu. Gosto muuuuuito desse tipo de coisa, incluve gargalhadas gravadas também servem. Só de ouvir me trás calmaria. Repare bem nesse caminho saborosíssimo: Alguém ou algo produz um som de sorriso. Aí esse som de sorriso sai desse alguém ou desse algo, vibra passeando com suas frequências pelo ar e chega no seu ouvido delirando tímpanos. Então o som sorriso, não satisfeito por já muito satisfazer, desce pelo esqueleto arrepiando pêlos até chegar no estômago. Aí acontece o famoso friozinho na barriga, estilo cócegas. Os abdomens se contraem e se exercitam. No rosto, nesse mesmo instante, muitas covinhas aparecem em suas bochechas infladas de prazer. Você pode até mudar o tom da sua cor para o rubro, o que também é muito bom de ver e sentir.

Ontem Botika chegou em casa sorrindo. Não era uma gargalhada. Se fosse ia ser algo um tanto curioso pois ele estava sozinho. Não é sempre que vejo pessoas gargalhando sozinhas enquanto abrem a porta de sua casa. Mas ele estava com um belo de um sorriso permanente no rosto. Entrou, bebeu água, me deu um afago e foi se deitar. Eu dormi muito bem por isso. Hoje, com a casa toda acordada, vi sorriso no rosto de todos. Silvia, Henrique, Botika e eu passamos por bons momentos. Por isso escrevo esse texto. Pois espero que todos tenham sorriso hoje. Caso não, sorria!!!

Miau