O pessoal aqui em casa faz comida em dois lugares da cozinha, o fogão e o microondas. É muito curioso. Quando fazem no fogão me dá mais fome e vontade de roubar a comida deles. Acho que é por que demora mais e fica um tempão fazendo cheiro de comida. Fica saindo fumaça e ainda tem o forno, que é sempre misterioso. Nunca se sabe exatamente o que vai sair de dentro de um forno. De vez enquando sai peixe, ou batata cozida, ou bolo de cenoura, ou pão de queijo ou um monte de outras coisas, sempre apetitosas para meu olfato e meu paladar. Miau miau miau. Quando é microondas, fica aquele mistério de um ou dois minutos. Aí faz um som de PIM e é retirado um prato quentinho saindo fumaça também. Acho que prefiro ficar sentindo o cheiro prolongado do forno e fogão. Mais instigante...
Porém são pouquíssimas as vezes em que ganho alguma comida de gente humana. Depende do humor da família, parece. O habitual é eu ficar me roçando na perna dos famintos e miando alto pra ver se consigo ganhar uma sobrinha do prato de alguém. Fico espreitando, pronta para dar o bote. Não funciona. São todos muito maiores e mais fortes que eu. Pulo em cima da mesa e num segundo estou de volta no chão, trazida por um braço guindaste. A Silvia, com alguma frequência, compra sardinha ou atum em lata pra mim. Fico louca e morro de rir. Henrique e Botika conversam com a mãe e argumentam que aquilo é comida de gente e não de gatos e bichos. Ela diz que atum e sardinha em lata é pra todo mundo. No fim ficam todos de acordo.
Miau
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